terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Homem e a Máquina

A ultima notícia sobre as portagens na Brisa (pseudo-substituição de Portageiros por máquinas) fez-me lembrar a velha discussão sobre a automatização da nossa sociedade. Com o estado actual da tecnologia, poderão as máquinas substituir os Homens em algumas tarefas?
Sim, podem, o resultado final, em alguns casos, é o mesmo com menor custo. Mas ficaremos nós contentes com o serviço resultante da substituição? Bom, isso depende... E de quê? Bom, depende essencialmente da qualidade de serviço que estamos dispostos a aceitar.

O caso aparentemente simples das portagens é um exemplo claro de que não vai ser fácil esta substituição do Homem pela Máquina, se quisermos manter a mesma rapidez do processo. E alguns, com esta ultima palavra terão concerteza percebido onde falham estas abordagens.

O processo de pagamento com Portageiro (dito de Manual) tem um processo simples, porque tem simplificações naturais perfeitamente evidentes:
1- Chegamos à cabine com o bilhete da portagem;
2- Entregamos o bilhete ao Portageiro;
3- O Portageiro recebe o bilhete e muito rápidamente o introduz no sistema, ficando nós a saber exactamente qual o montante;
4- Entregamos o meio de pagamento;
5- O Portageiro imediatamente entende qual o meio (cartão, dinheiro) e faz muito rápidamente "as contas";
6- Recebemos o troco (ou não) e o recibo ao mesmo tempo.
Este é o processo todo de pagamento de forma dita Manual.

O processo Semi-automático não é tão simples, querem ver?
1- Chegamos à cabine com o bilhete da portagem;
2 - Temos que colocar o carro a uma boa distância da máquina, senão acontece como nos parques de estacionamento que temos que crescer mais uns 10 cm para chegar à ranhura (este cuidado era menor no método Manual porque o braço do condutor e Portageiro colmatavam algumas folgas na distância);
3- Introduzimos o bilhete na máquina; nos primeiros tempos, ficamos 2 minutos a ver onde se mete o bilhete;
4- A máquina processa e indica o montante;
5- Como habitualmente, escolhemos qual o método de pagamento (dinheiro, cartão, etc);
6- Efectuamos o pagamento e clicamos no botão do recibo;
7- Recolhemos o cartão/troco e o recibo em partes diferentes da máquina (ah pois, neste mecanismo este pormenor é muito importante);

Nestes e noutros temos há que pensar primeiro se introduzir a mecanização não será antes um entrave em vez de uma simplificação.
Claro que tudo tem vantagens e desvantagens, mas é necessário analisá-las com cuidado e expor/debater esta análise com o publico em geral, para que de facto haja alguma envolvência entre a população e a sociedade que a rodeia. Se isso não acontecer voltamos ficamos com a percepção, ainda que errada, que há um conjunto de pessoas que toma medidas autistas, com objectivos individualistas a pensar unica e exclusivamente no lucro fácil.
Nas auto-estradas o consumidor não tem qualquer hipótese de punição através do mercado livre, pois a concorrência é nula.
Noutros casos porém, isso pode reflectir-se de imediato; imaginem num supermercado com as tais caixas semi-automáticas... São mais rápidas ou mais lentas que as normais?